quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Homem e a Moda...




“O Homem e a Moda”


Desde que comecei a estudar a MODA, há muitos anos atrás, esbarrava num dilema que sempre me enchia de dúvidas: Quando o homem irá se render em definitivo à MODA?
Em tempos dinâmicos como os de hoje, o filtro solar, protetor labial e roupas mais adequadas ao clima deixaram de ser coisas obsoletas e passaram ao status de fundamentais. Os chapéus e óculos escuros deixaram de ser acessórios, somente. É uma questão de sobrevivência e adaptação às mudanças climáticas que estão acontecendo. Mas no universo masculino o tabu ainda é uma questão muito delicada, embora reconheço que, a passos lentos, algumas coisas estão mudando.
Uma parcela considerável dos homens passou a freqüentar ambientes ligados à MODA, antes territórios estritamente femininos. Estamos falando desde homens que são pais de família, profissionais liberais até os que são mais “descolados” e jovens, que aceitam melhor as novidades vindas do universo fashion!
O Brasil, com sua população latina e fama de machista, emprega na mídia argumentos que levam ao menos a uma reflexão sobre o assunto. A mudança de comportamento é algo que parece ganhar força e atinge cada dia mais e mais seguidores!

Digo isso porque, durante vários períodos da história, os homens foram tão seguidores de moda quanto as mulheres. Nos séculos XVII e XVIII, nas cortes européias, a disputa pela vestimenta mais rica em decoração e extravagância não era privilégio apenas das mulheres. Saltos altos, perucas, penteados, maquiagem, acessórios e roupas ajustadas eram parte da indumentária masculina.
Depois, veio a Revolução Industrial (1760-1860), a Revolução Francesa (1789) e os homens tiveram que, literalmente, arregaçar as mangas. Foi este argumento que impôs a mudança de costumes daquela época.
Séculos depois, o século XX ficou marcado como o da "democratização" da moda e da emancipação das mulheres. O envolvimento feminino nas guerras mundiais, a queima dos sutiãs como símbolo de opressão, a consolidação da calça comprida como parte do vestuário feminino e o terninho feminino imortalizado por Yves Saint Laurent são algumas das motivações entrelaçadas com a necessidade de trabalhar fora de casa. Foi um tempo de mudanças de comportamento, em que o mundo mais uma vez passava por transformações culturais que atingiam aos dois gêneros.
Os homens, por sua vez, sentindo necessidade de se adaptar a essa nova mulher batalhadora, romântica e responsável, desde o final do século passado procuram o seu novo papel. Tarefas domésticas compartilhadas e espaço para emoções se tornaram parte deste novo universo masculino.
O retorno ao culto da aparência chegaria mais cedo ou mais tarde. Tivemos, primeiramente, o musculoso da academia de ginástica e o elegantemente discreto. Os tempos evoluíram e alcunharam esses novos homens de “metrossexuais", uma palavra que não define muito bem do que estamos falando. Por vezes é confundida, e lida com olhos preconceituosos...Enfim, ainda somos machistas, latino-americanos e coisa e tal!
A mídia acelerou, de certa forma, a mudança de comportamento. As celebridades foram convocadas para divulgar o uso de jóias, penteados e cosméticos, a fim de não restringir o leque somente a roupas e calçados. Até jogadores de futebol (tem coisa mais machista que isso?) são “usados” por várias marcas da Moda para divulgar produtos. Os atos de “fazer” a barba e cortar o cabelo viraram entretenimento por conta das possibilidades de redesenhar a face e garantir identidade única. Sinal dos tempos...
Da mesma forma que o século XX foi o século das mulheres, este começo de século de XXI, definitivamente, está se delineando como o da redescoberta da vaidade pelos homens.

Dúvidas? Perguntas? Sugestões?

André Vasconcellos – Consultoria: bravomoda@uol.com.br


André Vasconcellos mora em Curitiba-PR, é estilista formado pela UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ), tendo seu trabalho reconhecido e premiado em vários concursos em todo o Brasil.

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