quarta-feira, 17 de março de 2010

A Moda e os Modismos.

ENTENDENDO A MODA!

por André Vasconcellos

“porque estar por dentro é fundamental”




No encontro anterior vimos como as tendências e influências chegam até os estilistas e como a moda é um fenômeno cíclico e contínuo.
Hoje falarei sobre a sutil diferença entre a MODA e os MODISMOS.
Não é incomum achar quem confunda os dois conceitos ou não saiba distingui-los. Afinal de contas, uma palavra deriva da outra.

Podemos dizer que a Moda, ainda que tida por muitos escritores como um fenômeno efêmero, ou seja, com uma curta duração, abrange um número muito maior de pessoas, atravessando continentes, aderindo a culturas e costumes diversos e sendo amplamente divulgada!

Exemplo prático: A mini saia! Na década de 60 uma estilista britânica chamada Mary Quant vislumbrou a possibilidade de encurtamento das saias. Chegou aos 30 cm de comprimento e ganhou não só o Reino Unido, mas também todo o mundo. De tempos em tempos a sua “invenção” retorna à Moda em várias releituras.

Já os MODISMOS surgem por acaso, sem regras e sem que algo tenha sido pesquisado e difundido. Tem uma duração ainda mais efêmera que a MODA e costuma atingir apenas alguns grupos específicos, em alguns lugares e não sofre reedições, via de regra!

Exemplo prático: Roque Santeiro, uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida entre junho de 85 e fevereiro de 86, com 209 capítulos, que tinha na personagem viúva Porcina (Regina Duarte) uma figura exótica e diferente por usar e abusar de penduricalhos e badulaques como acessórios. Logo os camelôs e outros comerciantes mais populares começaram a vender produtos similares aos da personagem. Eles viram ali um filão para agradar aos inúmeros fãs, que se identificavam com a heroína da trama! Esses acessórios foram populares enquanto durou a novela e somente em determinadas regiões do Brasil. Nada foi previamente programado, apenas aconteceu. Não há relatos do retorno dos adereços às lojas e nem ao comércio popular. Isso é um clássico exemplo de modismo!

Entretanto, há situações em que um determinado MODISMO pode virar MODA. Podemos citar o MOVIMENTO ou CULTURA PUNK, que surgiu em meados dos anos 70. Denomina-se “Cultura Punk” ao conjunto de estilos dentro da produção cultural que possuem certas características comuns àquelas ditas “punk”, como por exemplo o princípio de autonomia do “faça você mesmo”, o interesse pela aparência agressiva, a simplicidade, o sarcasmo niilista e a subversão da cultura. Entre os elementos da cultura punk estão o estilo musical, o design, as artes plásticas, o cinema, a poesia e também o comportamento (podendo incluir ou não princípios éticos e políticos definidos), além de expressões lingüísticas, símbolos e outros códigos de comunicação. Esse movimento gerou um MODISMO, que num primeiro momento repercutiu na MODA local, mas que nas décadas subseqüentes deixou o espaço restrito dos Estados Unidos e expandiu-se através de bandas musicais pela Europa e a partir daí ganhou a MODA em definitivo e o mundo.


Espero que tenha ficado clara a diferença entre os dois distintos fenômenos. No próximo encontro veremos o que é CONCEITO (ou MODA CONCEITUAL) e a diferença que tem em relação às FANTASIAS!

Dúvidas? Perguntas? Sugestões?

André Vasconcellos – Consultoria: bravomoda@uol.com.br


André Vasconcellos mora em Curitiba-PR, é estilista formado pela UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ), tendo seu trabalho reconhecido e premiado em vários concursos em todo o Brasil.

2 comentários:

  1. ANDRÉ, DESENVOLVI ESSE ASSUNTO, E GOSTARIA QUE VOCE DESSE SUA OPINIÃO CRÍTICA SOBRE O QUE ESCREVI.
    AGRADECEREI.

    "Bom gosto, degeneração, banalidade"


    Não sou somente saudosista, mas penso que o que era agradável aos ouvidos, o que era tido como refinado, genial e de bom gosto, jamais será descartado pelo fato de os tempos serem outros.
    Cada geração experimentou um momento ou uma situação que para sua época, era o supra sumo, a novidade, a vanguarda, e uma revolução.
    Foi assim no vestuário, na música, e em vários aspectos da sociedade.
    Entretanto, há momentos em que determindados modismos podem virar moda e romper com o que era considerado arcaico. Tudo tem seu lado positivo...
    Conheci um amigo que já na sua avançada idade, dizia-me: “Você talvez não acredite, mas vivi em um país melhor...”
    Não questionei com ele se esse “país melhor”, era para ele, ou para todos que viveram à época.
    Mas de certa forma o entendia, pois dado ao ritmo de vida da ocasião de sua mocidade, o mesmo se espantava com a parafernália e o pandemonio em que se tornou certas novidades, principalmente em se tratando da música nos dias de hoje.
    Outro dia fui à uma loja de CDs. Perguntei por um determinado cantor, e a vendedora com certa ignorância e desdém, indagou que ainda nos dias de hoje, quem se aventurava em adquirir músicas de tal genêro.
    Dei um desconto para sua ignorância, mas devido sua estupidez disse-lhe que se m... fosse enlatada para vender, teria quem comprasse aos milhões!
    Qual o segredo para que os gênios da música erudita ainda permaneçam em evidência? Só acho uma pena, que o que é bom realmente, não caia no gosto da massa, mas o vulgar, o banal, acaba prevalencendo...
    Sinto hoje, uma geração vivendo de banalidades, e a própria sociedade perdendo rumos.
    É a moda! Moda tacanha, miserável, pobre, cega e nua. Vejamos os batidões que de musical nada têm, e a cacofonia ensurdecedora tem feito seus adeptos morro acima, morro abaixo...
    Então, será que parei no tempo? Ou a evolução estagnou, ou está em curso uma evolução seletiva para pior, pelo menos na questão musical?
    Mas ainda existem pessoas de bom gosto e percepção musical, e isso é animador.
    Não apenas por uma questão de bom gosto, mas o que é bom é aquilo que é bem feito, com requinte, bem trabalhado, e que se torna agradável aos nossos ouvidos.
    A mídia em geral, rádio e TV, são cúmplices das porcarias, dos lixos musicais que ao invadir a mente da juventude, fomentam o que de pior possa existir dentro do mau gosto.
    Além de corromper as mentes em formação, essa cacofonia musical influencia negativamente os jovens que ainda não têm uma personalidade definida e infelizmente são manipulados por essa pobreza musical que assola nossos ouvidos diariamente. Por que não temos mais, tanto no rádio como na TV, programas que dêem ênfase aos “anos dourado”?
    Divulgando a MPB, o jazz, o blues, os bons sambas de outrora, ou mesmo outros gêneros, não poderiam ser um meio para que a juventude viesse a conhecer música de qualidade? O que vemos, é uma enxurrada de programas regionais de baixa qualidade, com músicas chulas, enaltecendo a prostituição, o alcoolismo e outras aberrações, tipo: beber, cair e ser “corneado”. É o mote! A TV brasileira infelizmente, e algumas rádios, são meios de comunicação com grande influência junto ao público, e poderosos formadores de opinião. Porque não usar essa influência e esse poder para explorar de forma mais proveitosa as mentes em formação, e daí contribuir para uma melhor evolução?

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  2. ANDRÉ, PEDI SUA OPINIÃO, PORQUE É UM ASSUNTO QUE GOSTARIA DE POSTAR EM MEU BLOG.
    GOSTARIA DE SABER SE ESTÁ BOM OU NÃO.
    ABRAÇOS.

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